quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Liberdade de imprensa é...

Reproduzo aqui um texto de autoria de Izaías Almada:

Liberdade de imprensa é chantagear políticos…
Liberdade de imprensa é acusar sem provas…
Liberdade de imprensa é espionar celebridades…
Liberdade de imprensa é defender o cartel da informação…
Liberdade de imprensa é fazer lobby em favor próprio no Congresso Nacional…
Liberdade de imprensa é fazer escutas telefônicas ilegais em Londres
Liberdade de imprensa é inventar escutas telefônicas ilegais no Brasil…
Liberdade de imprensa é extinguir o contraditório…
Liberdade de imprensa é criar fichas falsas…
Liberdade de imprensa é criar factóides para a oposição…
Liberdade de imprensa é a oposição repercutir os factóides…
Liberdade de imprensa é acusar os blogs democratas de “chapa branca”…
Liberdade de imprensa é aceitar e barganhar anúncios do governo…
Liberdade de imprensa é especular hipocritamente com a doença alheia…
Liberdade de imprensa é testar hipóteses…
Liberdade de imprensa é assumir-se como partido político de oposição…
Liberdade de imprensa é denunciar a corrupção dos adversários…
Liberdade de imprensa é fazer vistas grossas à corrupção dos amigos…
Liberdade de imprensa é acusar Chávez, Fidel, Morales e Lula…
Liberdade de imprensa é defender Obama, Berlusconi, Faiçal, FHC…
Liberdade de imprensa é banalizar a violência…
Liberdade de imprensa é disseminar o preconceito e o racismo…
Liberdade de imprensa é vilipendiar, caluniar e fugir para Veneza…
Liberdade de imprensa é inventar bolinhas de papel…
Liberdade de imprensa, no Brasil, é para inglês ver…
Liberdade de imprensa na Inglaterra é para brasileiro aprender…
Liberdade de imprensa é divulgar partes do “relatório” do terrorista norueguês…
Liberdade de imprensa é ocultar o direito de resposta ao MST…
Liberdade de imprensa é manipular a opinião pública…
Liberdade de imprensa só vale para o dono do jornal, do rádio e da televisão…
Liberdade de imprensa é para quem paga mais…
Liberdade de imprensa é apoiar as invasões americanas ao redor do mundo…
Liberdade de imprensa é escamotear os genocídios no Iraque, no Afeganistão…
Liberdade de imprensa é apoiar greve de fome de um único dissidente cubano…
Liberdade de imprensa é jogar sujo contra governos progressistas…
Liberdade de imprensa é acusar sem oferecer o direito de defesa…
Liberdade de imprensa é que nem mãe: só a minha é que presta…
Liberdade de imprensa é a liberdade de se criar novas máfias…
Liberdade de imprensa é dar dicas sigilosas para concorrências públicas…
Liberdade de imprensa, às vezes, se compra com 500 mil dólares…
Liberdade de imprensa é aquela que só vale para os apaniguados…
Liberdade de imprensa é ser arrogante com os pequenos…
Liberdade de imprensa é bajular os grandes…
Liberdade de imprensa é difamar celebridades vivas…
Liberdade de imprensa é enaltecê-las depois de mortas…
A Liberdade de imprensa, tal qual é defendida e praticada nos dias de hoje pelos setores mais conservadores da sociedade brasileira, é o apanágio dos ressentidos e a nova trincheira dos hipócritas.
*Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas” (Caros Amigos).

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs: o homem que mudou o mundo?

Após uma longa batalha contra o câncer, o gênio da informática Steve Jobs, fundador da Apple e criador do primeiro computador pessoal produzido em massa ( o Apple II), faleceu em paz, conforme divulgado por sua família. O local não foi revelado, mas provavelmente ele morreu em sua residência, acompanhado da mulher, filhos e mais chegados.

Imediatamente após o anúncio do trágico ocorrido, milhões de pessoas se solidarizaram, especialmente via internet, mandando mensagens de condolências, homenagens e pagando outros tributos à figura de Jobs. Uma comoção tomou conta do mundo todo, gerando uma legião interminável de admiradores, que não hesitaram em nomeá-lo como um homem que mudou o mundo. Mas, até onde essa afirmação é real? Steve Jobs mudou mesmo o mundo? De qual mundo estamos falando?

Dentro da internet e do universo digital no geral, Jobs é admirado por ter mudado a maneira como nos relacionamos com os computadores, por ter "popularizado" a interatividade e por ter promovido a velocidade em um mercado até então dominado pela Microsoft e sua janelinha. Toda uma linha de produtos que mudaram o universo tecnológico, que fizerem dele o herói dos geeks. Mas, todas essas conquistas estão longe de representarem uma "mudança do mundo". Principalmente porque os produtos da Apple são acessíveis a somente uma pequena parcela deste mundo. Então, podemos falar que Steve Jobs mudou o mundo digital, o mundo tecnológico ou o mundo dos geeks. Mas isto está bem longe de ser o mundo real, no qual todos nós vivemos.

Conquistais sociais, no geral, costumam ser menos valorizadas do que conquistas tecnológicas. Pois uma coisa não se pode negar, a elite sabe endeusar seus ídolos muito melhor do que as massas populares. Com certeza, a população do oeste asiático (especialmente Índia e Bangladesh) não ficaria tão comovida pela morte de Muhammad Yunus quanto geeks e consumidores da Apple ao redor do mundo todo ficaram com a morte de Steve Jobs. Talvez porque tenham outros inúmeros problemas para se preocuparem.

Portanto, existe uma tendência exagerada a endeusar Jobs. Ele pode ter sido um dos grandes gênios da informática (como Bill Gates, Linus Torvalds, Tim Berners-Lee, entre tantos outros), mas está longe de ser um herói que mudou o mundo. Ele foi somente mais um dos responsáveis por fazer do homem um ser ainda mais materialista do que já é. De contribuir, ainda que sem querer, com a tendência mundial da busca pelo status através de bens materiais. Foi mais um dos promotores da exclusão social neoliberal e burguesa que defeca todos os dias em cima da cabeça daqueles que não podem adquirir produtos que o façam mais humano ou privilegiado.